Entrevista com Grafiteiros

 
Entrevista  1
Esta entrevista foi feita com um graffiter de 19 anos  que actualmente frequenta o 12º ano na nossa escola.
1 - Qual é a tua tag?
R: 2-G-O-O-D

2 - Porque e quando é que te iniciaste no graffiti?
R: Inicialmente vi desenhos que me chamaram bastante a atenção, pelas sua cores formas e pela sua junção. A data que me iniciei não sei bem, mas foi por volta de 2005, ou seja a uns três anos atrás. Ao pintar consigo expressar o meu estado de espírito, e juntar a isso um alto estado de adrenalina que é essencial para praticar esta arte que nos dias de hoje é desfavorecida, pois o tema induz imediatamente o ''vandalizar espaços’’. Têm de de abrir os olhos e ver o trabalho, dedicação e vontade que é necessária para este tipo de criações.

3 – O que significa para ti o graffiti?
R: Para mim, e penso que para a grande maioria dos writers, significa a liberdade do artista. Mais uma vez, que esta liberdade significa uma forma de expressar o estado de espírito. Uns escrevem, outros cantam, enquanto que nós pintamos. O objectivo é normalmente o mesmo.

4 – Concordas com o aparecimento do graffiti em galerias e não só nas ruas?
R: Sim, concordo. Mas essa minha aceitação tem um pequeno ‘’se não’’. Só concordo se forem pinturas planeadas e não fruto do acaso. Um graffiter pode ter muita capacidade para inventar graffitis no momento. Mas para ser colocado numa galeria deve ser sempre fruto de um projecto, bem pensado e estruturado.

5 – Que achas que deve ser feito para promover o graffiti?
R: Acho que deve haver uma maior e  sobretudo melhor divulgação do graffiti. Acho também que deveriam ser criados espaços próprios para a criação de graffitis. Claro que a existência de um espaço desses numa certa localidade, não iria fazer com que, os graffitis ilegais continuassem a existir. Poderia reduzir, mas nunca irá acabar. O artista sente necessidade de adrenalina. Tal como em Nova York, em que foram criados esse tipo de espaços, mas continua a haver sempre graffitis em espaços ilegais para essa prática. Penso que esses espaços servem principalmente para a sociedade melhor aceitar o graffiti como uma forma de arte, pois é capaz de tornar um local mais atractivo.

6 – Qual achas que deve ser o futuro do graffiti no nosso país?
R: Depende como se queiram expressar. Provavelmente eu não tenho muito futuro nesta vertente…(risos). Há pessoas que devem explorar mais a sua capacidade (arte), e ser mesmo ajudadas a conseguir progredir neste ramo. Acho que principalmente, como já disse, as pessoas deviam ser informadas sobre a verdadeira parte do graffiti (arte).

7 – Quais são as tuas principais influências e de que modo contribuíram para o desenvolvimento do teu estilo?
R: Livros, revistas, ver ourtros a fazerem graffitis, TV, Internet. Há dois graffiters que aprecio muito, inspirando-me também neles: DAIM e CANN2. DAIM possui um estilo 3D, que torna muito complicado o imitar. Já o CANN2 é mais virado para a bonecada, o cartoon como se diz correctamente. Tenho o meu próprio estilo, outros têm os deles. Parte de cada um. Formei o meu estilo baseando-me noutros estilos. Por exemplo, via num livro uma letra, noutro outra letra, e assim sucessivamente e criei o meu próprio abecedário pessoal. Depois evolui-se, começa-se com um A normal e tenta-se sempre modifica-lo para o tornar mais atractivo. Penso que nunca se tem um estilo certo. Inova-se e evolui-se, para tornar cada vez mais atractivo o teu trabalho.


Entrevista 2
A segunda entrevista foi realizada no dia 16 de Fevereiro de 2008, a outro aluno de 19 anos também da nossa escola, que é graffiter, e que integra uma das turmas de 12º ano.

1 - Qual é a tua tag?
R: R-A-B-I-T

2 - Porque e quando é que te iniciaste no graffiti?
R: Desde puto que sempre gostei de Hip-Hop, que tendo como vertente artística o graffiti, sempre foi uma das formas de arte que mais me interessou. Aos 16 anos juntei-me com um amigo, compramos umas latas e começamos a mandar umas letras em fábricas abandonadas. Com o passar dos anos a mentalidade mudou, pelo que agora considero o graffiti uma forma de expressar o que tenho a protestar.

3 – O que significa para ti o graffiti?
R: Uma vez disseram-me que um writer era apenas um ''designer de exteriores’’. Tenho sempre esta ideia em mente, porque considero o graffiti arte urbana. Apesar de nem sempre ser aplicada nos locais correctos, o graff consegue embelezar a paisagem, tornando-a única. Começou como uma forma de protesto, mas é cada vez mais usada como forma de dar espírito urbano e contemporâneo um pouco por todas as culturas.

4 - Concordas com o aparecimento do graffiti em galerias e não só nas ruas?
R: Claro, toda a gente tem o direito de expor ao público o que quer exprimir.

5 -  Que achas que deve ser feito para promover o graffiti?
R: Essencialmente acho que devem ser feitos concursos em escolas, haver uma maior divulgação do graffiti, nomeadamente o lado por vezes invisível ao olhos da maioria da sociedade. Essa divulgação seria mais fácil se aproveitassem terrenos inutilizados para a construção de paredes legais, e que de certa forma poderia reduzir o vandalismo que ataca esta arte.

6 – Qual achas que deve ser o futuro do graffiti no nosso país?
R: Acho que evolui de forma positiva, já deixou de ser moda, e só ficou quem realmente tem o gosto  por pintar. Mas ainda há muitos que deveriam aprender a desenhar no papel e só depois ir destrocar para a parede. Vê-se por aí muitas paredes que não estão graffitadas, mas sim estragadas\vandalizadas. Causa-me um grande aborrecimento essa situação pois faz com que muitos trabalhos bem feitos sejam por muitas vezes estragados. Já aconteceu comigo, ter feito um graff, que deu trabalho e despendeu tempo, no dia seguinte estar cheio de tags por cima e riscos.

7 – Quais são as tuas principais influências e de que modo contribuíram para o desenvolvimento do teu estilo?
R: Revistas, filmes, internet, amigos pintores e principalmente os anos da vida. Tudo contribui para a evolução dem um estilo único, porque para se ser bom em algumas coisas, há sempre que errar, tentar, voltar a tentar, evoluir e saber improvisar.